Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Matemática - Núcleo de Computação Eletrônica

Mestrado em Informática – II Trabalho Final: Informática na Educação

Aluno: Ilan Chamovitz	Professor: Fábio Ferrentini Sampaio
Ilan@api.adm.br	ffs@nce.ufrj.br

(Abril-Junho/2002)

Descrição do trabalho:

Em cada unidade da federação, há uma Comissão Estadual de Informática na Educação cujo missão maior é a de introduzir as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas escolas públicas de ensino médio e fundamental. A operacionalização das atividades de introdução das TICs nas Escolas, se dá através dos Núcleos de Tecnologia Educacional - NTEs existentes nos estados. Os NTEs foram concebidos como estruturas descentralizadas que deveriam tanto dar apoio no processo de planejamento e incorporação dessas novas tecnologias, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas. Cada NTE, dependendo das suas condições físicas e geográficas, seria responsável por apoiar um conjunto finito de escolas em seu entorno que já tivessem laboratórios de informática disponíveis para os professores e alunos e um projeto pedagógico para utilização dos equipamentos.

Na sua opinião, o que não está funcionando bem neste projeto de implementação dos NTE ?

Introdução

Para avaliarmos o que não está funcionando bem nos NTE, poderíamos fazer uma reflexão, lembrando das 5 etapas que fazem parte do processo da Administração Clássica: Planejamento, Organização, Coordenação, Execução e Controle. É importante ressaltar que este trabalho é fruto da minha experiência e visão pessoal, ao final de três meses de investigação e pesquisa, em conjunto com a turma que cursou a disciplina Informática na Educação, no primeiro período de 2002, e que compõe o Mestrado em Informática do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Planejamento: Entendo por planejar, o processo de estudar experiências passadas, verificar a disponibilidade de recursos materiais, financeiros, físicos, tecnológicos, humanos e saber como prover estes recursos. Ao tratar de recursos tecnológicos, deve-se prever, além da aquisição de máquinas, a sua manutenção. Ao tratar dos recursos humanos, deve-se lembrar dos aspectos sociais e psicológicos. Procurar antever problemas e riscos, pensar em soluções alternativas, tentar diminuir a possibilidade de existirem surpresas durante todas as fases do projeto, tudo isto faz parte do planejamento. Ao que pude observar, não levaram em conta alguns fatores que dificultam o planejamento, no caso dos NTE:

- O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 5500 municípios e cultura diversificada. Nem sempre dá para seguir padrões de países desenvolvidos e o que pode funcionar bem para um município, pode não funcionar para outro.

- A instabilidade e a velocidade de mudanças na política e na economia não permitem um bom planejamento a longo prazo.

- A falta de comprometimento com a continuidade de projetos prejudica o planejamento realizado em gestões anteriores.

Problemas de cultura: o paternalismo, falta de estímulo à capacitação e a falta de oportunidade aos capacitados prejudica o planejamento. De acordo com a pesquisa feita, existem alguns problemas que, na minha opinião, foram gerados por falha de cultura:

Se visitarmos todos os NTE, encontraremos em alguns, salas e equipamentos sub-utilizados.

Existem pessoas sendo qualificadas sem nenhum compromisso em devolver a sua qualificação sob forma de serviços. Por outro lado, existem pessoas sem qualificação adequada se dedicando bastante ao projeto.

Nem todos os participantes responsáveis pelo projeto tem especialização em Informática Educativa ou semelhante. Nem todos estão conscientes da importância de ter, atualizada, uma página na Internet e correio eletrônico. Muitos não respondem à E-mail.

Não ficaram claras, no planejamento, a responsabilidade de cada órgão e de cada responsável, nem como será controlado ou avaliado, muito menos as medidas que serão tomadas para corrigir possíveis falhas. Por exemplo, há professores trabalhando como profissionais de suporte a sistemas.

Organização: A segunda etapa seria a de organização ou seja, como alocar os recursos. Tendo o planejamento sido feito levando-se em consideração os possíveis problemas e soluções, a etapa de organização seria bem mais fácil de ser realizada. Na minha opinião, no caso dos NTE, este processo depende bastante do planejamento.

Coordenação: A etapa de coordenação, do meu ponto de vista, é a segunda mais importante neste projeto, após o planejamento. Através de uma rede bem estruturada os diversos gestores deveriam estar em contato com os NTE de sua responsabilidade, seguindo o que foi planejado. Pelo que pude perceber, as funções de cada órgão e funcionário não estão bem definidas, a motivação dada aos responsáveis federais e estaduais é pouca, e a comunicação com os NTE é muito limitada, levando-se em conta o investimento realizado através de projetos como o da Sociedade da Informação, do Ministério da Ciência e Tecnologia, entre outros. Notou-se que em 1998 e 1999, o processo de coordenação foi muito mais valorizado que nos anos seguintes, com muito mais cursos, trabalhos e grande motivação.

Execução: A fase de execução também sofre com a falta de pessoal qualificado, alguns professores dos NTE fazem até serviços de suporte. Enquanto alguns funcionários de outros órgãos recebem treinamento durante o expediente, muitos professores das escolas ligadas aos NTE não são dispensados de suas atividades para serem capacitados, o que demonstra a desigualdade com que são tratados.

Controle: O controle é o principal meio de se corrigir as falhas do planejamento. Na Saúde, eu participo do Sistema de Orçamento Público em Saúde onde, pela Internet, podem ser consultados, por qualquer cidadão, os valores recebidos e gastos com Saúde, por município. Hoje, serve de base para fiscalização do Tribunal de Contas dos Municípios para o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Existe uma tendência para este Sistema servir de base para o Orçamento com Educação e para todo o Orçamento Federal.

No caso da Educação, incluindo os NTE, deve-se buscar o controle financeiro e operacional. E a Internet está sendo muito pouco utilizada, apenas para divulgação e, mesmo assim, com endereços e telefones errados. O que falta para ajudar no controle dos NTE?

Verificar se as responsabilidades a nível federal, estadual, municipal, NTE e Escolas estão de acordo com o que foi planejado.

Acompanhar constantemente o andamento dos projetos.

Criar um banco de dados de capacitação, a nível nacional para os NTE. Cada NTE deveria preencher, mensalmente, um formulário constando o nome e outros dados das pessoas treinadas e enviá-los para os estados, e estes, após consolidação, enviariam ao governo federal, que manteria assim um controle maior sobre a capacitação, atualizando o banco de dados, disponível na Internet. Os dados dos NTE – financeiros, cadastrais e de recursos humanos - seriam atualizados mensalmente e estariam disponíveis aos órgãos de fiscalização e à população.

Criar um banco de dados de projetos, a nível nacional, com a obrigatoriedade de inclusão dos trabalhos desenvolvidos nas escolas. Estes projetos seriam avaliados por uma comissão, e premiados semestralmente.

Devem haver parcerias com as universidades públicas para capacitar os multiplicadores e fornecer consultoria em Informática Educativa.

Os computadores do Proinfo devem hospedar as páginas de todos NTE.

Conclusão: Os pontos mencionados refletem os problemas que percebi na implantação do projeto dos NTE, principalmente nas fases de planejamento, coordenação e controle. A idéia principal seria a melhoria da educação, através da utilização da Informática para ajudar no planejamento, facilitar na organização, agilizar a comunicação (coordenação) e permitir maior controle deste projeto através de bancos de dados acessados através da Internet.