Núcleo
de Computação Eletrônica
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Iniciação à Lógica
Clássica
"Lógica: Coerência de raciocínio, de idéias. Modo de raciocinar peculiar a alguém, ou a um grupo. Seqüência coerente, regular e necessária de acontecimentos, de coisas." (dicionário Aurélio) |
1. História da
Lógica (extraído da apostila da prof.Marisa Gaspar)
A história da lógica começa com os trabalhos do
filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) de Estagira (hoje Estavro), na
Macedônia, não se conhecendo precursores de sua obra, no mundo antigo.
Mais tarde, foram reunidos os trabalhos na obra
denominada Organon, onde encontramos no capítulo Analytica Priora a parte
essencial da Lógica.
Para Aristóteles, o raciocínio (dedutivo)
reduz-se essencialmente ao tipo determinado que se denomina silogismo.
Os componentes do silogismo aristotélico são
sentenças universais ou particulares, afirmativas ou negativas, isto é , dos
tipos seguintes:
A :
Todos os animais são mortais – universal afirmativa
E :
Nenhum animal é imortal – universal negativa
I : Alguns homens são sábios – particular afirmativa
O: Alguns homens não são sábios – particular
negativa
Os silogismo aristotélicos constam de duas
premissas e uma conclusão:
Em uma premissa
"todo X é Y", X e Y são termos.
Ainda na
antiguidade grega, temos a Lógica da escola dos estóicos e megáricos (Euclides
de Megara – 400 A.C.). Esta lógica apresenta-se de modo diferente da
aristotélica, pois, esta se liga ao Cálculo dos Predicados, ao passo que aquela
se refere ao Cálculo Proposicional. Desenvolve aspectos não encontrados em
Aristóteles. Pertence a essa escola, Zenão (336-204 A . C. ) que fundou o
estoicismo. Crisipo foi o lógico mais fértil dessa época. Filo, também, dessa
escola, ensinou que um condicional verdadeiro é a que não tem antecedente
verdadeiro e consequente falso, denominada, também, implicação material. Nesta
escola, foram ainda dadas as diferenças entre "ou" inclusivo e o
"ou" exclusivo e que "se..então.." se define em função de
"não" e do "ou".
A Lógica
moderna iniciou-se com a obra Investigation of the Laws of Thougt, de George
Boole (1815 – 1864). Com isto deu novos rumos à Álgebra da Lógica.
Paralelamente, Augustus De Morgan (1806-1871) desenvolveu, também, a Álgebra da
Lógica.
As idéias de
Boole e De Morgan foram objetos de publicações importantes de Chales Sanders
Peirce (1839-1914), nos Estados Unidos.
Surge, então,
Gottlob Frege (1848-1925), "o maior lógico dos tempos modernos",
segundo Alonzo Church, com sua obra Begriffsschrift, onde pela primeira vez é
desenvolvido axiomaticamente o Cálculo Sentencial, usando negação e implicação
com conceitos primitivos, seis axiomas e regras de modus ponens e de
substituição.
Muitas idéias
de Frege tratadas de maneira menos sistemática encontram-se em Peirce.
A seguir vem
Bertrand Russel a A.N. Witehead (1861-1947), com uma das mais importantes obras
deste século Principia Matemática, em três volumes.
Entre o grande
número de lógicos atuais, mencionamos, Kurt Godel e Alfred Tarski. A Godel
deve-se a primeira demonstração de completividade da Lógica elementar e da
incompletividade de sistemas mais complexos, como a impossibilidade da
existência de um sistema axiomático completo e consistente para a Aritmética
usual.
A Tarski
deve-se muito no que respeita ao progresso dos estudos lógicos. Dentre as suas
contribuições, destaca-se, a definição semântica de verdade, que tem aplicações
em numerosos campos da Matemática, com repercussões na Filosofia.
É difícil dar
hoje uma idéia da ampliação do campo de estudos da lógica, quanto às pesquisas
e possibilidades, mas o que é certo é que um conhecimento preliminar ainda que
intuitivo é necessário em quase todos os ramos de conhecimento.
Sabe-se que a lógica teve sua maior desenvoltura na Filosofia, caminhando pela Lingüística, Matemática e Ciência da Computação.
2. O estudo da
lógica
A Lógica da qual estamos tratando é relativa a pensamentos, objetos de estudo quie podem ser verdadeiros ou falsos, como por exemplo crenças e sentenças declarativas.
VERDADE E
FALSIDADE são Valores-verdade.
A Lógica
Matemática adota como regras do pensamento os dois princípios:
I - Princípio da
Não Contradição
O que você diria se... durante um encontro, eu afirmasse que estudei Lógica e achei a
matéria muito fácil. Quase que no
mesmo instante, alguém me pergunta o que penso sobre a matéria de
Lógica. Eu, ao seu lado, respondo
tranqüilamente: - Lógica? Achei a matéria difícil. No
mínimo você diria... - Puxa, como você pode ter duas opiniões ao mesmo
tempo? Você não está sendo coerente! Por isso, este princípio diz: Toda proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo. |
|
II - Princípio do
Terceiro Excluído
Você obviamente já esteve perdido. Eu já me perdi várias vezes, e aprendi que
"quem tem boca vai a Roma" ou seja, se você souber perguntar, pode
chegar aonde deseja. Eu acrescentaria,
devemos saber o que perguntar e a quem perguntar. Eu pergunto mais de uma vez,
pois sei que posso receber uma resposta falsa.
Se você estiver perdido e perguntar (a
alguém que sabe a resposta da pergunta), se o metrô passa nesta rua, você
pode ter dois tipos de resposta: 1.
- O metrô passa nesta rua. 2.
- O metrô não passa nesta rua.
Existe alguma outra resposta de
alguém que conheça o assunto? Não. Se não existe uma terceira resposta além
destas duas então... Toda
proposição ou é verdadeira ou é falsa, verifica-se sempre um destes casos,
nunca um terceiro. |
|
3. Conceito de
Proposição
Chama-se proposição todo o conjunto de
palavras ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido completo.
Desta
forma poderíamos dizer que:
- " Eu e você " não é uma proposição
-
Você é um leitor interessado é uma proposição.
- sen
p = 1 é
uma proposição.
2
- 2
> 1 é uma proposição.
Estas proposições são verdadeiras.
Por outro lado...
-
Você não está lendo esta apostila
- O
Brasil fica na Europa
São proposições também, porém são falsas.
VALORES LÓGICOS DE PROPOSIÇÕES PODEM SER V ou
F.
4. Proposições
Simples e Compostas
Proposições simples ou atômicas:
- não contém outra proposição como parte
integrante de si mesma
- geralmente são designadas por letras
latinas minúsculas: p, q, r, s...
Exemplos:
-
Você é interessado
-
Lógica é importante
- O número 25 é quadrado perfeito
- Você não está lendo esta frase
Proposições compostas ou moleculares:
- são formadas por combinação de duas ou
mais proposições
- geralmente são designadas por letras
latinas maiúsculas: P, Q, R, S...
Exemplos:
-
Você é interessado e é autodidata
-
Lógica é importante e interessante
-
Se choveu, então a rua está molhada.
O que significa P(p, q)?
P (p, q) indica que a proposição composta P
é formada por duas proposições simples: p e q.
5. Conectivos
Os conectivos server para conectar,
ligar! Assim, podemos ligar proposições
compostas através dos conectivos:
·
E (^) : O DDD do Rio é 21 e o de São Paulo é
11
·
Ou (v): Quem
trabalha no ônibus é motorista ou é cobrador
·
Não (~): Você não está entendendo
·
Se...então
(->): Se você está entendendo, então fizemos um bom trabalho.
·
Se e somente se
(<->): Você só passará se e somente se tirar um D (note que esta
proposição é falsa. Não queremos dar a
falsa impressão de que as proposições devem ser sempre verdadeiras.)
6. Tabelas-Verdade
As proposições, simples ou compostas, tem um valor-verdade. Quando encontramos uma proposição composta,
precisamos identificar o seu valor-verdade, que pode ser F ou V (veja no item
3).
O valor-verdade de uma proposição composta é o resultado dos valores-verdade das proposições simples que a formam. Por exemplo:
Para passar nesta disciplina, você precisa tirar A E
frequentar mais de 75% das
aulas. Vamos às perguntas:
- Você tirou A ?
- Você frequentou mais de 75% das aulas?
Vamos identificar o conectivo usado....
E
Vamos identificar as proposições atômicas
por letras p e q (minúsculas, v. Item 4) e determinar seus possíveis
valores-verdade.
|
p |
q |
1 |
V |
V |
2 |
V |
F |
3 |
F |
V |
4 |
F |
F |
Caso 1. Quem tirou A e frequentou mais de 75% das
aulas:
Caso 2. Quem tirou A e não frequentou mais de 75%
das aulas:
Caso 3. Quem não tirou A e frequentou mais de 75%
das aulas:
Caso 4. Quem não tirou A e não frequentou mais de
75% das aulas:
Eu pergunto a
você: Quem passou?
Você poderia
responder: Só passou quem teve como valor verdade V nos dois critérios (p e q).
Então podemos concluir que o valor-verdade
resultante de duas proposições simples verdadeiras é sempre verdadeiro.
E se eu pedisse para algumas
pessoas fornecerem, cada uma, uma proposição simples, para formarmos uma
proposição composta, a tabela verdade ficaria mais complexa? |
|
Vejamos agora uma
proposição composta por três proposições simples...
No caso de uma proposição composta cujas proposições simples componentes são p, q e r as únicas possíveis atribuições de valores lógicos a p, a q e a r são:
p |
q |
r |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
Analogamente, observe-se que os valores lógicos V e F se alternam de quatro em quatro para a primeira proposição p, de dois em dois para a segunda proposição q e de um em um para a terceira proposição r, e que, além disso, VVV, VVF, VFV, VFF, FVV, FVF, FFV e FFF sãos os arranjos ternários com repetição dos dois elementos V e F.
Notação
O valor lógico de uma proposição simples p indica-se por V(p). Assim,
exprime-se que p é verdadeira (V), escrevendo: V(p) = V.
Analogamente, exprime-se que p é falsa (F), escrevendo: V(p) = F.
Exemplos:
p : o sol é verde;
q : um hexágono tem nove diagonais;
r : 2 é raiz da equação x² + 3x - 4 = 0
V(p) = F
V(q) = V
V(r) = F
7. Operações
Lógicas fundamentais (extraída da apostila da prof.M.Gaspar)
Negação
Chama-se negação de uma proposição p a proposição representada por "não
p", cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falso e falsidade quando p
é verdadeiro.
Assim, "não p" tem valor lógico oposto daquele de p.
Simbolicamente, a negação de p é indicada com notação "~ p", que se lê "não p". O valor lógico da negação de uma proposição é, portanto, definido pela seguinte tabela-verdade:
p |
~ p |
V |
F |
F |
V |
ou seja, pelas igualdades
~ V = F e ~ F = V
V (~ p) = ~ V(p)
O valor lógico da negação de p é igual à negação do valor lógico de p.
Em linguagem comum a negação efetua-se nos casos mais simples, antepondo o advérbio "não" ao verbo da proposição dada.
Exemplo:
p : o sol é uma estrela
~p : o sol não é uma estrela
Outra maneira de efetuar a negação consiste em antepor à proposição dada
expressões tais como "não é verdade que", "é falso que".
Exemplo:
q : Carlos é engenheiro
~q : é falso que Carlos é engenheiro;
~q : não é verdade que Carlos é engenheiro.
~q : não acontece que Carlos é engenheiro.
Conjunção
Chama-se conjunção de duas proposições p e q a proposição representada por "p e q", cujo valor lógico é a verdade (V) quando as proposições p e q são verdadeiras e a falsidade (F) nos demais casos.
p |
q |
p Ù q |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
Disjunção
Chama-se disjunção de duas proposições p e q a proposição representada por p ou q, cujo o valor lógico é a verdade (V) quando ao menos uma das proposições p e q é verdadeira e a falsidade (F) quando as proposições p e q são ambas falsas.
p |
q |
p Ú q |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
Disjunção Exclusiva
Chama-se disjunção exclusiva de duas proposições p e q a proposição representada simbolicamente por p V q, que se lê: "ou p ou q" ou "p ou q, mas não ambos", cujo valor lógico é a verdade (V) somente quando p é verdadeira ou q é verdadeira, mas não quando p e q são ambas verdadeiras, e a falsidade (F) quando p e q são ambas verdadeiras ou falsas.
p |
q |
p Ú q |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
Condicional
Chama-se proposição condicional ou apenas condicional uma proposição representada por "se p então q", cujo valor lógico é a falsidade (F) no caso em que p é verdadeira e q é falsa e a verdade (V) nos demais casos.
p |
q |
p ® q |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
Bicondicional
Chama-se proposição bicondicional ou apenas bicondicional uma proposição representada por "p se e somente q", cujo valor lógico é a verdade(V) quando p e q são ambas verdadeiras ou ambas falsas, e a falsidade (F) nos demais casos.
p |
q |
p « q |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
8. Tautologias,
Contradições e Contingências
Tautologia - Chama-se tautologia toda a proposição composta cuja última coluna de sua tabela-verdade encerra somente a letra V (verdadeira). Em outros termos, Tautologia é toda proposição composta P(p, q, r, ...) cujo valor lógico é sempre (V) verdade, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples componentes.
Exemplos:
a) A proposição "~ (p Ù ~ p)"
(ex. Você não pode ser solteiro e não sê-lo ao mesmo tempo - Princípio da não contradição) - é
tautológica, conforme se vê pela sua tabela-verdade:
p |
~ p |
p Ù ~ p |
~ (p Ù ~ q) |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
1. Perceba que p representa: - Você é solteiro. Na coluna 1 vemos o valor que p pode assumir por vez, ou seja ele V (segunda linha) ou F (terceira linha).
2. Na primeira linha, quando o valor verdade de p é V, sua negação (segunda coluna, segunda linha) é F (Você não é solteiro).
3. Na terceira coluna (segunda linha): - você é solteiro E você não é solteiro – tem como valor-verdade F.
4. Na quarta coluna (segunda linha): se a terceira coluna é V, sua negação deve ser F.
Exercício: Descreva o que acontece com a segunda linha.
b) A proposição "p Ú ~ p" (Princípio do terceiro excluído) é uma tautologia.
p |
~ p |
p Ú ~ p |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
Contradição - Chama-se contradição toda a proposição composta cuja última coluna da sua tabela-verdade encerra somente a letra F (falsidade).
Em outros termos, contradição é toda proposição composta P(p, q, r,...) cujo
valor lógico é sempre F (falsidade), quaisquer que sejam os valores lógicos das
proposições simples componentes p, q, r, ...
Como uma tautologia é sempre verdadeira (V), a negação de uma tautologia é sempre
falsa (F), ou seja, é uma contradição, e vice-versa.
Exemplo: Estarei sendo contraditório ao dizer:
p: Eu gosto de Lógica
Então...
~p: Eu não gosto de Lógica
Na terceira coluna temos a contradição...
Eu gosto de Lógica e eu não gosto de Lógica
Veja a Tabela deste exemplo e analise os valores de p que podem ser assumidos (coluna 1), os valores que negam p (coluna 2, preenchidos a partir dos valores de p) e a terceira coluna, preenchida através da operação de..... (escolha a verdadeira):
[] conjunção [] disjunção [] negação
p |
~ p |
P Ù ~ p |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
A terceira coluna ( p & não p ) representa uma disjunção(^) e é uma contradição. Por quê?
Outro exemplo de contradição:
Eu vou ao cinema se e somente se eu não for ao
cinema.
p |
~ p |
p « ~ p |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
Contingência - Chama-se contingência toda a
proposição composta em cuja última coluna de sua tabela-verdade figuram as
letras V e F cada uma pelo menos uma vez.
Em outros termos, contingência é toda proposição composta que não é tautologia
nem contradição.
As contingências são também denominadas proposições contingentes ou proposições
indeterminadas.
p |
~ p |
p ® ~ p |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
9. Equivalência
Lógica
Uma proposição P(p,q,r...) é logicamente equivalente a uma proposição
Q(p,q,r...), se as tabelas-verdade
destas duas proposições são idênticas.
Usa-se o símbolo ópara determinar a equivalência. Este símbolo faz parte de uma metalinguagem
e difere do símbolo de bicondicional <->
A notação de equivalência seria :
P(p, q,r...) ó Q(p,q,r…)
Se a tabela-verdade de duas proposições resulta em Tautologia, logo as
duas possuem V na última coluna (a que expressa o valor-verdade da proposição).
Se as duas proposições possuem V em todas as linhas da última coluna,
logo são equivalentes. Se possuem F na
última coluna também.
Logo, pelo mesmo motivo, se duas proposições são contradições, logo são
equivalentes.
Não tem mágica!
Formalmente
falando, posso dizer que estou cansado e não estou cansado. É uma contradição. Se eu
disser estou doente e não estou doente é também uma contradição. Pela forma, equivale à proposição
anterior. |
|
10. Propriedades da
Equivalência Lógica
Vamos relacionar algumas propriedades e explicá-las:
-
Reflexiva (a
proposição é equivalente a ela mesma):
P(p,q,r..) ó P(p,q,r..)
-
Simétrica (se uma
proposição equivale a uma outra, esta outra equivale à primeira):
Se
P(p,q,r..) ó Q(p,q,r..)
então Q(p,q,r..) ó P(p,q,r..)
-
Transitiva (se uma
proposição equivale a uma segunda, e a segunda proposição é equivalente à uma
terceira, a primeira equivale à terceira).
Se
P(p,q,r..) ó R(p,q,r..) e
R(p,q,r..) ó Q(p,q,r..)
então
P(p,q,r..) ó Q(p,q,r..)
Exemplos: (sugestão: verificar as tabelas verdades de cada exemplo no
livro Iniciação à Lógica Matemática).
p: A rua está molhada
q: Choveu hoje
São equivalentes:
1)
~~p e p (não é verdade
que a rua não está molhada equivale a ....
a rua está molhada)
2)
~p -> p e p
3)
p->p^q e p -> q
4)
p->q e ~p v q (ex. se a
rua está molhada então choveu é equivalente a .... ou a rua na está molhada ou choveu . Ou seja, descubra se a rua está molhada que você saberá que se
choveu ou não.)
5)
p<->q e (p-q)
^(q->p) (em outras palavras,
se p então q e se q então p).
6)
p<->q e (p^q) V (~p^~q)
(ex. Só vou a praia se, e
somente se o tempo estiver bom.
Equivale dizer: Vou a praia e o
tempo está bom ou não vou à praia e o tempo não está bom).
Com este ultimo exemplo, fica
fácil perceber o que as pessoas estão dizendo e o que pode acontecer, após uma
afirmativa como esta que mostramos.
11. Álgebra das Proposições
Equivalências
Notáveis (retirado
da apostila da prof. M.Gaspar)
Propriedades
da Conjunção
Sejam p, q e r
proposições simples quaisquer e sejam t e c proposições também simples cujos
valores lógicos respectivos são V (verdade) e F (falsidade).
(a)
Idempotente : p Ù p Û p
p |
p Ù p |
p Ù p « p |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
(b)
Comutativa : p Ù q Û q Ù p
p |
q |
p Ù q |
q Ù p |
p Ù q « q Ù p |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
(c)
Associativa : (p Ù q) Ù r Û p Ù (q Ù r)
p |
q |
r |
p Ù q |
(p Ù q) Ù r |
q Ù r |
p Ù (q Ù r) |
(p Ù q) Ù r « p Ù (q Ù r) |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
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F |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
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F |
F |
F |
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F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
As colunas
5 e 7 são equivalentes
(d)
Identidade : p Ù t Û p e p Ù c Û c
p |
t |
c |
p Ù t |
p Ù c |
p Ù t « p |
p Ù c « c |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
As colunas
equivalentes são 1, 4 e 3, 5.
Propriedades
da Disjunção
Sejam p, q e r
proposições simples quaisquer e sejam t e c proposições também simples cujos
valores lógicos respectivos são V (verdade) e F (falsidade).
(a)
Idempotente : p Ú p Û p
p |
p Ú p |
p Ú p « p |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
(b)
Comutativa : p Ú q Û q Ú p
p |
q |
p Ú q |
q Ú p |
p Ú q « q Ú p |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
(c)
Associativa : (p Ú q) Ú r Û p Ú (q Ú r)
p |
q |
r |
p Ú q |
(p Ú q) Ú r |
q Ú r |
p Ú (q Ú r) |
(p Ú q) Ú r « p Ú (q Ú r) |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
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V |
V |
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F |
F |
V |
V |
F |
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V |
F |
V |
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V |
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V |
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V |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
As colunas
5 e 7 são equivalentes
(d)
Identidade : p Ú t Û t e p Ú c Û p
p |
t |
c |
p Ú t |
p Ú c |
p Ú t « p |
p Ú c « c |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
As colunas
equivalentes são 1, 5 e 2, 4.
Propriedades
da Conjunção e da Disjunção
(a)
Distributivas
(i) p Ù (q Ú r) Û (p Ù q) Ú (p Ù r)
p |
q |
r |
q Ú r |
p Ù (q Ú r) |
p Ù q |
p Ù r |
(p Ù q) Ú (p Ù r) |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
V |
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F |
V |
V |
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F |
F |
F |
F |
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F |
F |
F |
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F |
F |
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F |
V |
F |
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F |
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V |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
As colunas
5 e 8 são equivalentes
(ii) p Ú (q Ù r) Û (p Ú q) Ù (p Ú r)
p |
q |
r |
q Ù r |
p Ú (q Ù r) |
p Ú q |
p Ú r |
(p Ú q) Ù (p Ú r) |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
F |
As colunas
5 e 8 são equivalentes
(b)
Absorção
(i) p Ù (p Ú q) Û p
p |
q |
p Ú q |
p Ù (p Ú q) |
p Ù (p Ú q) « p |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
As colunas
1 e 4 são equivalentes
(ii) p Ú (p Ù q) Û p
p |
q |
p Ù q |
p Ú (p Ù q) |
p Ú (p Ù q) « p |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
As colunas
1 e 4 são equivalentes
(c) Regras
de DE MORGAN (1806 – 1871)
Com De
Morgan pode-se colocar a negação associada a cada uma das proposições, sejam
elas conjunções ou disjunções ou seja:
(i) ~ (p Ù q) Û ~ p Ú ~ q ( ex. Não é verdade que a rua está molhada
e também suja equivale a dizermos que ou a rua não está molhada ou não está
suja.)
Explicando
o exemplo, quando montamos uma conjunção ela é formada por duas proposições que
ocorrem ao mesmo tempo. Para que uma
conjunção formada por duas proposições seja F, uma das duas proposições falhou.
p |
Q |
p Ù q |
~ (p Ù q) |
~ p |
~ q |
~ p Ú ~ q |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
As colunas
4 e 7 são equivalentes
(ii) ~ (p Ú q) Û ~ p Ù ~ q (ex.
não é verdade que eu tirei mais de 5 na prova ou que eu tirei menos de 3
na prova. Equivale dizer que eu não
tirei mais de 5 na prova e também não tirei menos que 3 na prova.
Explicando
o exemplo, quando temos uma disjunção, uma das duas proposições é
verdadeira. Para que eu negue uma
disjunção, não basta apenas uma ser falsa, as duas devem ser falsas.
p |
q |
p Ú q |
~ (p Ú q) |
~ p |
~ q |
~ p Ù ~ q |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
As colunas
4 e 7 são equivalentes
Condicional
p ® q Û ~ p Ú q (ex. se choveu então a rua está molhada. Ou não choveu ou a rua
está molhada.)
p |
q |
p ® q |
~ p |
~ p Ú q |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
As colunas 3 e 5 são equivalentes
12. Forma Normal
A curiosidade faz parte do ser humano. Se você agir como um detetive, poderá descobrir características em determinadas afirmações feitas, que algumas pessoas não percebem. Por exemplo, você sabia que as proposições não precisam utilizar todos os conectivos que vimos até agora? Basta utilizar ~ , ^ e v . Em outras palavras proposições podem ser expressas através de negações, conjunções e disjunções. |
|
13. Forma Normal Conjuntiva (FNC)
Como transformar uma proposição em outra,
equivalente, na FNC?
p - > q
por ~p v q p<->q
por (~p v q) ^(p v ~q) |
~~ p
por p q ~ (p Ù q) por ~ p Ú ~ q ~ (p Ú q) por
~ p Ù ~ q |
p v (q Ù r)
por (p v q) Ù (p v r ) p Ù (q v r)
por (p v r) Ù (q v r ) |
Exercício: Veja no Livro Iniciação ‘a Lógica Matemática
alguns exemplos.
14. Forma Normal Disjuntiva (FND)
Como transformar uma proposição em outra,
equivalente, na FNC?
p Ù (q v r)
por (p Ù q) v (p Ù r ) (p v q ) Ù r
por (p Ù r) v (q Ù r ) |
Exercício: Veja no Livro Iniciação ‘a Lógica Matemática
alguns exemplos.
Chama-se argumento toda a afirmação de que uma dada seqüência finita P1, P2,...,Pn de proposições tem como conseqüência ou acarreta uma proposição final Q.
As proposições P1, P2,..., Pn dizem-se as premissas do argumento, e a proposição final Q diz-se a conclusão do argumento.
Um argumento de premissas P1, P2,...,Pn e de conclusão Q indica-se por:
P1, P2,...,Pna Q, onde se lê: "P1P2,...,Pn acarretam Q".
Na forma padronizada as premissas invocadas para "servir de justificativa", acham-se sobre o traço horizontal e a conclusão do argumento estará sob o mesmo traço horizontal.
15. Validade de um Argumento
Um argumento P1,P2,...,Pn a Q diz-se válido se e somente se a conclusão Q é verdadeira todas as vezes que as premissas P1,P2,...,Pn são verdadeiras.
Portanto, todo argumento válido goza da seguinte característica: A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão.
Um argumento não-válido diz-se um sofisma.
Deste modo, todo argumento tem um valor lógico, digamos V se é válido(correto, legítimo) ou F se é um sofisma(incorreto, ilegítimo).
As premissas dos argumento são verdadeiras ou, pelo menos admitidas como tal. Aliás, a Lógica só se preocupa com a validade dos argumentos e não com a verdade ou falsidade das premissas e das conclusões.
A validade de um argumento depende exclusivamente da relação existente entre as premissas e a conclusão. Portanto, afirmar que um dado argumento é válido significa afirmar que as premissas são verdadeiras.
16. Regras de inferência usadas para demonstrar a validade dos
argumentos
Qual a importância de se saber as regras de inferência? A partir delas, você pode modificar fórmulas para demonstrar a validade de argumentos. Tente entender cada uma das regras e lembre-se delas para poder utilizá-las.
Seja p: “ eu gosto de praia” e
seja q: “ eu gosto de piscina”
AD – Se gosto de praia, então... gosto de praia ou piscina (ou...de piscina ou praia)
SIMP – Se gosto de
piscina e gosto de praia, então... eu gosto de piscina (ou...eu gosto de praia)
CONJ – Gosto de
praia. Gosto de piscina. Logo, gosto de
praia e de piscina.
ABS – Se alguém
gosta de praia então gosta de piscina.
Logo, quem gosta de praia, gosta de praia e de piscina.
MP – Quem gosta de
praia, gosta de piscina. Ilan gosta de
praia. Logo, Ilan gosta de piscina.
MT – Gostar de
praia implica em gostar de
piscina. Ilan não gosta de
piscina. Logo, não gosta de praia.
Exercício:
completar os exemplos e debater na lista de discussão
(http://www.api.adm.br/ufrj/logica):
SD -
SH –
DC –
DD -
Regra de adição
(AD): i)ii) |
Regra de
simplificação (SIMP): i) ii) |
Regra da conjunção
(CONJ): i)ii) |
Regra da
absorção(ABS): |
Regra modus
ponens(MP): |
Regra modus
tollens(MT): |
Regra do silogismo
disjuntivo(SD): i) ii) |
Regra do silogismo
hipotético(SH): |
Regra do dilema
construtivo(DC): |
Regra do dilema
destrutivo(DD): |
Com o auxílio destas dez regras de inferência podemos demonstrar a validade de um grande número de argumento mais complexos.
A validade de qualquer argumento pode ser demonstrada, verificada e testada mediante Tabelas-verdade, Regra de Inferência, Equivalências e Fluxogramas.
17. Prova de Não-Validade
Sabendo-se que de um dado argumento, formado por premissas e com uma conclusão, podemos tentar, a partir de premissas verdadeiras, chegar a uma conclusão falsa.
Se conseguirmos, a partir de premissas verdadeiras, chegar a uma conclusão falsa, o argumento não é válido.
Exercício: entender como se demonstra a não validade, a partir dos exercícios do livro Iniciação à Lógica Matemática.
18. Demonstração a partir de regras de inferência
Veja no livro Iniciação à Lógica Matemática alguns exemplos de demonstração a partir das regras de inferência. Baixe o programa Logícola e verifique o que aprendeu,fazendo alguns testes.
19. Regras de substituição
As vezes é necessário
substituir uma proposição por outra equivalente. Pense um pouco:
p equivale a p ^p e também equivale a p v
p. Se eu disser que estou passando bem
e estou passando bem você entenderá perfeitamente. O ascensorista brincalhão pergunta: O seu andar é 6 ou meia-dúzia?
Exercício: No livro Iniciação à Lógica Matemática
encontram-se dez tipos de proposições equivalentes (cap.12). Faça uma tabela com elas.
Exercício: Marque V ou F
Um conjunto de crenças é consistente somente se for possível para todas
elas serem verdadeiras ao mesmo tempo.
Ou seja, se elas são de fato verdade ou se poderiam, todas, serem
verdade. ( )
Um conjunto de crenças é inconsistente somente se não for possível para
todas elas serem verdadeiras. (
)
Uma crença pode ser considerada consistente (se ela for passível de ser
verdadeira) ou inconsistente (se não for possível para ela ser verdadeira).
( )
Uma crença inconsistente é conhecida como uma contradição ( )
Uma crença simples que nao pode ser falseada expressa necessariamente
uma verdade ( )
Uma crença simples que nao é inconsistente e nao expresa
necessariamente uma verdade, é contingente ( )
Cuidado, veja que interessante:
{Socrates
is a man, All men are mortal, Socrates is not mortal}
aparentemente é inconsistente. Porém se eu disser que a pessoa que não é
mortal é um outro Sócrates, que não o primeiro, ela torna-se consistente!
Visite os Links utilizados (última visita
em março de 2003)
1. Professora
Marisa Gaspar – apostila: http://sites.uol.com.br/mjgaspar/logica/logica
2. Universidade de Oxford: http://logic.philosophy.ox.ac.uk
http://www.oxford-virtual.com/Philosophy/Tomassi/index.html
3. Fontini – Apostila sobre Lógica http://www.angelfire.com/bc/fontini/logica.html
4. USP:
http://labic.icmc.sc.usp.br/didatico/PostScript/ML.html
http://labic.icmsc.sc.usp.br/portugues/courses.htm
5. http://www.lmc.fc.ul.pt/~jnsilva/logica97/node15.html
http://www.ec.ucdb.br/~marco/courses02a/ai2/papers/machine-learning.htm
6.Sociedade Brasileira De Lógica http://www.cle.unicamp.br/sbl/BoletimSBL2002.htm
Bibliografia:
1.
ALENCAR FILHO,
E.(1986) “Iniciação à Lógica Matemática”. Ed. Nobel, 16a.
edição. São Paulo. [Disponível na biblioteca do Centro de Ciências
Matemáticas e da Natureza – CCMN/UFRJ].
2.
SOUZA, João Nunes
de (2002) “Lógica para Ciência da Computação”. Ed. Campus. Rio de Janeiro.
3.
ROBBIN, Joel W. (1969) “ Mathematical
Logic: A First Course” . W.A.Benjamin
Inc, New York [Disponível na biblioteca do Centro de Ciências Matemáticas e da
Natureza – CCMN/UFRJ].
4.
Página da
disciplina de lógica do Ilan. http://www.api.adm.br/ufrj/logica