YEARNERS AND SCHOOLERS (PAPERT, S.; THE CHILDREN'S MACHINE, CAP. 1)

 

Mestrado IM/NCE - Informática e Educação (abril/2002)

Professor: Fabio Ferrentini Sampaio

Alunos: Carlos Roberto França e Ilan Chamovitz

 

No início do capítulo, Papert mostra que existem áreas de atividade humana que experimentaram megamudanças: telecomunicações, entretenimento, transporte e medicina. Porém, a Área Escolar não experimentou tais mudanças radicais para atingir a sua finalidade. Busca o porquê de não percerbemos tais mudanças no auxílio à aprendizagem.

Apesar de obter vários tipos de respostas, conseguiu dividi-las em dois grupos: Os chamados “Schoolers” - preocupados em resolver imediatamente os problemas urgentes da Educação tradicional, e os “Yearners” - desejosos, que esperam sempre por algo diferente, tal como estudo domiciliar ou escolas alternativas, mudanças no currículo ou ainda implantação de programas alternativos.

O autor refuta os argumentos de alguns pais, de que atividades tais como jogos eletrônicos são muito mais simples para a criança realizar do que preparar deveres de casa. Para os pais que acreditam que estes jogos são apenas brinquedos, lembra que tem sido a porta de entrada de crianças para a computação e para o desenvolvimento de habilidades.

A introdução da computação não foi a primeira forma de se tentar modificar os valores de educação. O autor cita John Dewey, que há mais de cem anos, já disseminava suas idéias de respeito e encorajamento de crianças ao aprendizado, ao invés do tratamento por rejeição e punição.

Se as mudanças são necessárias há tanto tempo, por que não deram certo? Segundo o autor, não basta aparar arestas do sistema. Antes, as crianças podiam ser forçadas a acreditar que a escola era como um passaporte para o sucesso. Se esta crença não for verificada, a escola tradicional não sobreviverá, e possivelmente será rejeitada pelas crianças.

Após um breve diálogo com uma menina curiosa sobre como dormem as girafas, o autor aponta a capacidade da criança de criar e montar teorias, e percebe que o conhecimento da menina não veio de textos lidos de forma convencional - crianças de sua idade não lêem ainda. Apresenta então uma nova forma para o aprendizado: a Knowledge Machine, uma máquina de acesso ao conhecimento sem necessidade de se ler textos, podendo-se aprender por imagens, sons, gestos, conversas.

Porém, será que uma máquina como esta não aumentaria o analfabetismo? O autor questiona até que ponto a leitura implica em adquirir conhecimento, ou se faz parte da rigidez da educação tradicional. Cria o termo letteracy, o meio de aprender por palavras formadas por letras do alfabeto. Literacy indicaria a forma de aquisição de conhecimento utilizando outras mídias que não a escrita. Existe então um movimento de passagem da letteracy para a aquisição baseada em outras mídias, que pode até ser mais importante que o movimento anterior, da pré-letteracy para a letteracy.

Papert propõe a criação de um ambiente onde todas as crianças – qualquer que seja sua cultura, sexo, ou personalidade – possam estudar álgebra ou geografia informalmente, e não como é feito na escola tradicional.

Para os Schoolers que afirmam que seria um novo retorno ao insucesso da chamada educação progressiva, Papert afirma que o insucesso foi gerado pela descontinuidade em se tentar transformar o estudante em sujeito do processo, e não em objeto. Faltou aguardar a evolução, o surgimento de idéias e de uma infraestrutura capaz de suportar o desenvolvimento: tal como o helicóptero criado por Leonardo da Vinci, que não decolou naquela época, mas o fez após estudos e descobertas de novos combustíveis e materiais.

No campo da matemática, o autor sugere a construção de micromundos, onde as crianças, informalmente, necessitam utilizar a matemática, informalmente, e isto as encorajará a utilizá-la de maneira formal, eventualmente. Em projetos gráficos, na geometria, através de exemplos de figuras geradas com o programa LOGO, deixa claro que crianças estudantes estariam satisfeitas em utilizar a geometria de outra forma, não necessariamente a que encontramos na escola tradicional.

Papert preocupa-se não somente em como ensinar, mas também o que ensinar. Descreve o projeto onde crianças inventam e constroem criaturas artificiais, usando uma versão estendida do Lego para incluir minúsculos computadores; valoriza o conhecimento qualitativo, em contraposição do quantitativo e da precisão.

Os projetos de gráficos de computador e de criaturas artificiais dão idéia das mudanças da escola tradicional em direção as megamudanças. O livro, no capitulo 3 mostra a resposta da escola tradicional às mudanças; o capítulo 4 discute sobre professores; o capítulo 10 apresenta estratégias de mudança. A discussão sobre a evolução da tecnologia permeia todo o livro, mas é focada especialmente nos capítulos 8 e 9.

Ao fim deste capítulo, o autor informa que dará uma primeira impressão da direção por onde pretende encontrar novas formas de pensar. Propõe a busca de novas teorias que atendam à nova forma de se estudar, diferentemente das teorias e da forma empregada na escola tradicional. Por fim, afirma que, no capítulo 5, indicará um nome para um novo tipo de teoria baseada na experiência humana, que também pode nos fornecer os conhecimentos acumulados por acadêmicos em seus laboratórios.